Domingo, 22 de Novembro de 2015

“Não se distingue se é um boi ou uma vaca”

Foi com esta frase contundente que, há quase 20 aninhos, um taxista de Foz Coa manifestou-me a sua opinião quanto ao valor das gravuras e aos benefícios que poderiam advir da preservação destas em detrimento da construção da nova barragem. Mais desinibido ainda acrescentou que, mais tarde ou mais cedo, uns bons kilos de explosivos acabariam por resolver o problema.

Regressava na ocasião de uma visita ao famoso Vale do Coa e aquela frase do taxista jihadista ia de alguma forma ao encontro da decepção que de mim se apoderara quando finalmente me deparei com os rabiscos dos nossos antepassados.

Decepção porque a expectativa era enorme, vivia-se em pleno apogeu da febre das gravuras e, na realidade, foi com muita dificuldade que aqui e ali consegui distinguir os contornos de um animal, quanto mais se de boi ou de vaca se tratava. Não dei a viagem como perdida, é aliás uma daquelas que guardo com um carinho especial por motivos que agora não vêm aqui ao caso. O que queria agora reter foi a incapacidade de então não ter visto para além dos rabiscos, eles não estão lá para nos dizer o sexo do animal mas para nos transmitir outro tipo de mensagens muito mais importantes.

Há daqueles humanos que, usando a arte como ferramenta, são capazes de nos remover “cataratas” que até então nem nos tínhamos dado conta da sua presença. O realizador alemão Werner Herzog tem esse dom e com o seu documentário “A Caverna dos Sonhos Perdidos” fez-me aperceber que uma dessas películas cinzentas estava alojada nos meus olhos.

A “Caverna dos Sonhos Perdidos” dá-nos a conhecer o interior da Caverna de Chauvet assim baptizada em homenagem ao seu descobridor Jean Marie Chauvet que nela penetrou pela primeira vez há 20 anos. Distingue-se das demais por a natureza ter decidido congela-la no tempo, ocultando-a do mundo exterior durante milhares de anos com um desabamento de rochas que obstruiu a entrada.

Ainda bem que assim decidiu, nela encontram-se as gravuras mais antigas alguma vez descobertas, num estado de conservação impressionante que imagino transmitir a sensação a quem as observa de que ainda é habitada, de que estão a invadir a privacidade de um lar e de que se não escaparem rapidamente vão acabar por dar de caras com os seus habitantes de regresso da caça.

Herzog não se limitou a captar as imagens das gravuras. Estas são por si só de uma beleza estonteante apenas ao alcance de um punhado de eleitos. Herzog foi mais além do que transmitir a arte desses Leonardos Da Vincis Pré-Históricos.

Combinando as imagens com as frases dos entrevistados nos momento certos, as suas próprias divagações e outros recursos da sétima arte como a música, faz-nos viajar no tempo e sentir que as gravuras estão vivas e em harmonia umas com as outras.

No fundo concluiu um documento que nos foi preparado intencionalmente pelos nossos antepassados de há aproximadamente 32 mil anos. Um filme inacabado que aguardava apenas pela chegada dos tempos modernos e seus aparatos tecnológicos para ser concluído, os últimos retoques. Herzog cumpriu magistralmente com essa missão, honrou o privilégio de ter recebido em mãos tamanho tesouro.

E a pergunta que se coloca é o que nos queriam dizer os nossos antepassados?

Atrevo-me a opinar (cada um retirará as sua ilações) que a fragilidade da humanidade e o inquantificável valor que tem o milagre da nossa existência. Depois de improváveis combinações de factores que originaram a vida e mais uma sucessão de outros raros acontecimentos que culminaram no nascimento do homem, este viu-se envolvido numa luta desigual pela sua sobrevivência.

Quem apostaria que aquele frágil ser, que tinha como vizinhos animais bem mais dotados de ferramentas para matar, sobrevivesse? Sobreviveu e a sua vida não se limitava a garantir a continuação da espécie como erradamente muitos de nós imaginamos. Sim, apesar das dificuldades extremas desses dias em que a sombra da morte não dava tréguas, o homem já apreciava o belo e encontrava espaço para sonhar e materializar esses sonhos com arte da mais pura beleza.

Somos todos herdeiros destes nossos antepassados e das dificuldades que passaram, é nossa obrigação respeitar a herança que nos deixaram.

Hoje, num mundo repleto de pequenos confortos, dedicamo-nos a extremar as nossas diferenças por motivos fúteis como a religião, o vil metal e um sem fim de insignificantes absurdos, esquecendo-nos que a humanidade somos todos nós.

Deixo a “Caverna dos sonhos esquecidos” na sua versão integral para quem tiver curiosidade e com a esperança de que chegue ao taxista de Foz Coa, talvez o faça mudar de ideias.

Afrodite, se eu fosse um homem pré-histórico e tu uma mulher das cavernas, o Herzog ficaria intrigadíssimo com a constante repetição da pintura do teu rosto em cada uma das paredes, a primeira manifestação de amor na história da humanidade.

 

 

publicado por Conde da Buraca às 16:58
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Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2011

Conversas no Divã

 

Querido Blog,

 

Pois… deves estar a pensar “olha-me este, dá de frosques e aparece agora com falinhas mansas”. Tens razão, mas o que é que queres? Primeiro, existes porque te criei. Sou teu pai, deves-me respeito. Segundo, não tens vida, não precisas de ser alimentado para viver, podes muito bem passar uma boa temporada sem a merda de uns posts. Vais continuar a ter o mesmo aspecto, nem mais magro, nem mais gordo. Estamos entendidos? Depois, não penses que és especial. Há por essa blogosfera muito lixo mas também há coisas muito, mas mesmo muito melhores do que os textos que tanto te envaideces ter. Tens que esperar que o teu dono coma muita sopa que é como quem diz, leia muito, exercite a massa cinzenta com os grandes da literatura e com as lições que uma vida bem vivida nos dá. Coitado, acho que ele não vai lá. O aumento da esperança média de vida dá-se a uma velocidade bem inferior ao seu apetite pelo ócio… Está condenado a ser um simples mortal ou, na melhor das hipóteses, reconhecido como o autor do livro “A Arte de Coçar os Tomates – Aprenda com o Mestre”. No fundo ele tem consciência do seu destino, tem uma réstia de esperança de o enganar, pequena, não te iludas, muito pequena. Talvez um dia, com o avançar da ciência, seja possível determinar à nascença aqueles que seguramente aproveitarão o privilégio de num mundo carregadinho de injustiças poderem estudar e aproveitar essa ferramenta para fazer algo de valoroso. Calma, não estou a sugerir o extermínio de pobres bebés, apenas o encaminhamento desde logo para caminhos onde não se sintam perdidas, onde não tenham dúvidas dos passos a dar. Do tipo, o que eu gosto é de beber cerveja com tremoços e é isso que vou fazer, depois de morto, o meu corpo está á vossa disposição para fins científicos ou não. Imagina um mundo onde todos os terráqueos estão ao nível de um Einstein, provavelmente sem a existência de um único desgraçado que não domine os fundamentos da teoria quântica, é provável que a maioria atribua um valor muito reduzido aos seus próprios conhecimentos. Pois é, então porque querer mais se, no fundo, isto trata-se apenas de uma questão de relatividade. Eu explico, porque é essa insatisfação que nos fez sair da idade da pedra e ter a capacidade para criar coisas como tu, um blog. Não fiques vaidoso, fica sabendo que até tu já estás ultrapassadíssimo pelo twitters, facebooks e outras novas plataformas.

publicado por Conde da Buraca às 16:20
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Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2010

Amo-te. É isso que eu tenho, um amor por ti que não cabe neste mundo.

publicado por Conde da Buraca às 18:03
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Terça-feira, 11 de Agosto de 2009

Uma Questão de Democracia

 

 

O içar da bandeira monárquica nos paços do concelho lisboeta protagonizado no dia de ontem por elementos do 31 da Armada é o tema central de hoje na blogosfera. As reacções têm sido díspares, desde os sonhadores que já imaginam como próxima a restauração da monarquia como também daqueles que comparam o episódio com o incomparável. A iniciativa do 31 da Armada tem o mérito de, nas vésperas das comemorações do centenário da implantação da República, lançar o debate sobre o quão surreal é a nossa constituição ao não permitir a restauração da Monarquia constitucional mas ao mesmo tempo nada referir quanto à proibição de regimes autoritários de esquerda. A monarquia constitucional praticada em alguns dos países mais desenvolvidos da Europa ocidental não se encaixa no perfil dos regimes totalitários de direita e de esquerda pelo que não se compreende que uma nação democrática não ofereça aos seus cidadãos a possibilidade de se optar por essa variante democrática, reservando-se sempre à maioria a possibilidade de também decidir no sentido inverso.
publicado por Conde da Buraca às 15:37
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Terça-feira, 4 de Agosto de 2009

Ka Ganda Vaca

Quem diria, nem uma semana depois, admito  que, em determinadas situações,  os tipos dos  aparelhos de rádio podem não ser insuportáveis.
publicado por Conde da Buraca às 23:50
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Sexta-feira, 31 de Julho de 2009

Coisas Boas – Broken Social Scene

Gosto muito dos Broken Social Scene, uma espécie de super banda (são mais do que as mães) que reúne nas suas fileiras nomes consagrados como a maluca da Feist e que, presumo eu, em nome da amizade se juntam para desbundar quando as agendas dos seus projectos pessoais o permitem. O resultado musical é muito bom e os vídeos, como podem constatar, uma pedra.

 

 

 

 

 

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publicado por Conde da Buraca às 12:28
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Quinta-feira, 30 de Julho de 2009

Vende-se Voto

Depois de mais uma noite de futebol (volta Ragmanoli, está perdoado !!!), resolvi reformular a extensa lista das medidas que considero serem as mínimas para entregar o meu precioso voto nas eleições legislativas. A nova lista não é tão exigente, resumindo-se a um único ponto. Consiste na pena máxima prevista no sistema judicial português para a praga que assola os nossos cafés sempre que é transmitido um jogo de futebol em directo. Falo dos atrasados mentais cujo momento alto das suas vidas é destruir o prazer de assistir a um jogo de futebol (embora em relação ao de ontem, prazer não será bem o adjectivo mais apropriado) de quem lhes rodeia, recorrendo-se para tal de pequenos aparelhos de rádio com os quais relatam os acontecimentos com três segundos de antecipação em relação às imagens da televisão. Fica então registado o preço do meu voto que vende-se a qualquer partido interessado, incluindo os de extrema esquerda, estando mesmo disponível neste último caso a fazer um mea culpa de escritos passados que eventualmente não sejam do agrado dessas entidades.
publicado por Conde da Buraca às 17:48
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Sábado, 11 de Julho de 2009

Reflexões pós chifres

Com algum desfasamento temporal (apanágio desta casa) atrevo-me a comentar o já muito comentado em relação ao caso dos chifres de Manuel Pinho. Com o seu gesto subiu na minha consideração porque mostrou um lado infantil que contrasta com o cinzentismo e a hipocrisia da política portuguesa, sempre muito preocupada com questões menores como o deste caso e pouco com aquelas de que o País realmente necessita que sejam concentradas as energias. Houve quase um consenso generalizado quanto à inevitabilidade da demissão (um pedido público de desculpas não seria suficiente) que só a posso interpretar como um sacrifício eleitoral do PS aplaudido por unanimidade pela sempre sedenta oposição por sangue governamental. O mundo está estupefacto com a exigência moral da nossa política. Isto numa casa com alguns episódios bem mais graves (para não falar da homónima madeirense ) como aquele não muito distante em que um daqueles deputados que só lá estão para compor o rebanho resolveu convidar um outro para um acerto de contas no exterior ou, muito mais grave, o beija mão anual ao Sr. Presidente do Futebol Clube do Porto. Termina desta forma com três meses de antecedência em relação a José Sócrates a carreira política de Manuel Pinho que ao longo destes últimos quatro anos passou por momentos bem mais embaraçosos como aquele em que tentou seduzir as empresas chinesas com os baixos salários portugueses ou ainda quando se banhou com o nadador norte americano Michael Phelps. De útil desta palhaçada há a novidade de ficarmos a saber que, segundo o conceito de Francisco Louçã, a taxa de desemprego em Portugal já atingiu os 100%, o que, vendo as coisas pelo lado positivo, não seria mau de todo se tal cenário  significasse a emigração do BE rumo a Angola em busca de melhores condições de vida.
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publicado por Conde da Buraca às 00:16
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Quarta-feira, 24 de Junho de 2009

Mais um sector em crise

 

Produção mundial de cocaína é a menor em cinco anos.
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publicado por Conde da Buraca às 17:14
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Domingo, 21 de Junho de 2009

Aqui não passaram

Livro da autoria do General Carlos Azeredo que se debruça sobre a época das invasões napoleónicas em Portugal com especial atenção para com a segunda comandada pelo Marechal Soult. Escolhi-a como livro de cabeceira, atraído pelas comemorações bicentenárias e movido por uma necessidade cada vez mais crescente de conhecer em mais pormenor o nosso passado. Quanto mais o conheço mais me espanto com a negligência dos sucessivos governos no que respeita ao ensino, conservação e divulgação da nossa história. Quando os conhecimentos da generalidade dos portugueses em relação aos quase mil anos de Portugal se resumem a meia dúzia de acontecimentos e, mesmo esses, de uma forma superficial ou errada, está tudo dito. Um deles, a transferência do governo e corte portuguesa para o Brasil, aquando da primeira invasão francesa é geralmente interpretado como um acto de cobardia, sendo D.João VI retratado como o cobarde mor, o ignorante ou ainda o gordo cujas preocupações se resumiam ao conteúdo da ementa real do dia.
A “fuga” para o Brasil não foi um acto espontâneo, pelo contrário, foi preparada com muita antecedência, envolvendo uma preparação logística de grande envergadura que foi ao pormenor de se transferirem os mármores das secretárias para os futuros serviços administrativos da nova capital. Foi reconhecido pelas nações europeias de então como um golpe estratégico genial e mais tarde o próprio José Bonaparte, no seu memorial em Santa Helena, admitiu o fracasso. O exército francês era a mais poderosa máquina de guerra de então, chegava a Portugal sob uma aura de invencibilidade, vergando todos que se atreveram a opor-lhe resistência, pelo que a decisão de D.João VI revelou-se a mais sensata, evitando a capitulação e permitindo a manutenção do império. Sobre esta estúpida capacidade de ignorarmos os feitos dos nossos antepassados e os deste caso em concreto, deixo o convite a quem conseguiu chegar a estas linhas para visitar o exercício de história comparativa com que Miguel Castelo Branco nos brinda, um regalo para a mente como aliás o é todo o seu Combustões.
Regressando à obra do General Carlos Azeredo, esta é antes de mais uma homenagem à valentia das gentes do interior rural norte português, elas sim as verdadeiras responsáveis pela derrota das tropas do Marechal Soult. Transformaram o passeio planeado pelo próprio José Bonaparte num pesadelo sem fim que culminou com uma fuga humilhante e desesperada por caminhos de cabra, abandonando pelo caminho os tesouros pilhados. Os relatos dos soldados franceses dão-nos conta de pequenos grupos de agricultores kamikazes que se lançavam sobre as colunas militares, da resistência que encontravam nas pequenas aldeias e vilas do interior, comandada pelos padres armados com a cruz e por velhos nobres com as suas velhas espadas que decoravam há muito as paredes dos seus solares. Foram estes homens e o pequeno e mal armado exército do General Silveira constituído por poucos militares de raiz e essencialmente por agricultores voluntários que foram desgastando a moral das tropas gaulesas ao ponto de Soult desistir de enfrentar o exército luso britânico que já se encontrava às portas do Porto. É interessante notar que, em contraste com o comportamento heróico das populações rurais, os centros urbanos foram conquistados com pouca ou nenhuma resistência e que nalguns casos os invasores foram até recebidos de braços abertos por simpatizantes da causa liberal estranhamente liderada por um imperador. Suponho que esse amor à Pátria ainda hoje é mais forte no interior eternamente mal tratado e abandonado pelos governantes. A dívida de gratidão para com esses heróis anónimos e homens como o General Silveira é inquantificável. Nada seria mais justo do que a devida atenção para com os seus feitos nos programas escolares para que as futuras gerações percebam que Portugal é muito mais do que os incompetentes dos nossos políticos deixam transparecer.
publicado por Conde da Buraca às 22:33
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Hóquei em campo do Lamas é o melhor do País

União de Lamas é o novo campeão nacional de hoquei em campo, culminando desta forma uma época notável que para além deste último título também contou com a conquista da Taça de Portugal e a melhor performance de sempre de uma equipa portuguesa no campeonato da europa de clubes. Um feito que deixa este lamacense babado e que provavelmente não receberá mais do que duas ou três linhas de destaque na imprensa desportiva nacional.  
publicado por Conde da Buraca às 15:07
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Quinta-feira, 18 de Junho de 2009

Será que chega ?

Jorge Jesus  “Comigo vão jogar o dobro.”

publicado por Conde da Buraca às 22:58
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Terça-feira, 16 de Junho de 2009

From the Basement

 
From the Basement é uma brilhante ideia de uns tipos muito bem relacionados no mundo da música que consiste em gravar a performance de bandas como os Radiohead, Fleet Foxes, Iggy Pop e muitos outros nomes consagrados do rock internacional num ambiente intimista, longe da pressão das câmaras, luzes, concertos e estúdios de gravação. O objectivo é proporcionar aos artistas uma atmosfera de tal forma descontraída que permita a perda de inibições como a de sacar os pés e o corta-unhas em público mas também o fluir da música sem constrangimentos. A maioria dos vídeos não estão totalmente disponíveis no site mas é fácil encontra-los no Youtube.  O resultado é muito bom. Destaco a performance a solo do conhecido homem do assobio, Andrew Bird no tema “Section 8 City”. Absolutamente genial a forma como vai gravando partes da sua própria actuação que aproveita mais tarde para reproduzir enquanto ensaia outros ritmos, ao alcance de muito poucos.
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publicado por Conde da Buraca às 18:15
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Sexta-feira, 12 de Junho de 2009

Pelos Caminhos de Jacinto

 

A A Quinta de Tormes onde a personagem principal da “A cidade e as serras” se rende aos encantos da vida do campo existe para além das páginas de Eça. Localiza-se no Concelho de Baião e é hoje a sede da Fundação Eça de Queiroz. É por si só um bom motivo de visita mas o que mais me desperta a curiosidade é a possibilidade de sentir um pouco do deslumbramento que Jacinto sentiu ao percorrer o percurso entre a Estação de Tormes (onde Jacinto coloca os pés pela primeira em solo lusitano) junto ao Douro e a quinta dos seus antepassados.

publicado por Conde da Buraca às 14:53
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Siemens Elettra RF 6954

Hoje (ontem) fui brindado com este belíssimo presente. Não exactamente o das fotos mas um outro igualzinho a precisar de pequenas reparações. É lindo e também está sintonizado com a rádio do Vaticano.

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publicado por Conde da Buraca às 00:17
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Quinta-feira, 11 de Junho de 2009

Descobrir Eça

 

 

Para além do magnífico cheiro a sardinha assada que se inala em cada dobrar de esquina e da constante passagem de aviões a baixa altitude que nos dão a tranquila sensação de que estamos perto dos barcos salva vidas no caso de Portugal se afundar de vez, Matosinhos tem também outras qualidades. Uma delas é a Biblioteca Municipal Florbela Espanca cuja vastidão de obras se estende desde as consagradas até às mais recentes, sendo um belo exemplo de serviço público, especialmente nestes tempos de crise em que o livro é cada vez mais um bem de consumo reservado a uma pequena minoria. Outra não menos importante característica da biblioteca é a sua estratégica localização, a apenas um atravessar de rua da minha residência, inviabilizando a desculpa esfarrapada dos tempos modernos da falta de tempo. Assim 2009, tem sido um bom ano em termos de leituras, longe dos patamares do professor Marcelo mas  suficiente bom para impressionar quem me rodeia com os conhecimentos que tenho das obras completas de Noddy, Nina, Nino e Guau ou ainda da Branca de Neve e os Sete Anões. Por vezes, quando os pequenos diabretes o permitem, aventuro-me noutro tipo de leituras, sendo “A Cidade e as Serras” do nosso Eça a que mais me surpreendeu e fascinou. Penitencio-me de só aos 33 anos ter posto os olhos neste pequeno património nacional e confesso envergonhado de que só o fiz depois de ler um editorial da revista Ler, onde o seu autor (Francisco José Viegas) descreve o seu espanto quando questionou uma numerosa plateia de estudantes sobre quem é que já tinha lido a obra e apenas obteve uma resposta positiva. É um privilégio ser transportado pela pena refinada de Eça para dois mundos diametralmente opostos como o são a Paris vivida pela poderosas elites de então e o interior rural português do final do séc. XIX. É também surpreendente a actualidade das questões que levanta, o que nos leva a pensar que o mundo de hoje não é assim tão diferente do daquela época. Desconfio que “A Cidade e as Serras” tem muito de autobiográfico e que é com esta obra que Eça se reconcilia com Portugal que tanto criticou. A partir de agora sou fã incondicional do Eça, amanhã já não corto o bigodinho e começo a usar lente.

 

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publicado por Conde da Buraca às 00:56
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Quarta-feira, 10 de Junho de 2009

Coisas Boas - Chinese Translation (M. Ward)

 

 
CHINESE TRANSLATION (M. Ward, 2006)
I sailed a wild wild sea, climbed up a tall tall mountain
I met a old old man beneath a weeping willow tree
He said: ««Now if you got some questions go and lay them at my feet
But my time here is brief, so you'll have to pick just three»
And I said: «What do you do with the pieces of a broken heart?
And how can a man like me remain in the light?
And if life is really as short as they say, then why is the night so long?»
And then the sun went down and he sang for me this song:
«See I once was a young fool like you afraid to do the things that I knew I'd to do
So I played an escapade just like you, I played an escapade just like you
I sailed a wild wild sea climbed up a tall tall mountain
I met an old old man he sat beneath a sapling tree
He said: «Now if you got some questions go and lay them at my feet
but my time here is brief so you'll have to pick just three»
And I said: «What do you do with the pieces of a broken heart?
And how can a man like me remain in the light?
And if life is really as short as they say, then why is the night so long?»
And then the sun went down and he sang for me this song...»
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publicado por Conde da Buraca às 00:22
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Segunda-feira, 8 de Junho de 2009

Uma aventura no jornal Avante

A propósito do último post, ocorreu-me visitar o site do Jornal Avante que encontra sempre formas muito peculiares de se pronunciar em relação a estas datas tabu da história do comunismo. Quando me preparava para desistir eis que, perdida no meio de um longo protesto de Vasco Cardoso (datado de 04/06/2009) contra a forma como a comunicação social acompanhou a campanha da CDU para as europeias, surge o que procurava. Atentemos então:
 
“Entre outras situações, foi particularmente evidente e escandaloso o papel a que se prestou a RTP na operação montada pelo PS a partir dos incidentes nas comemorações do 1º de Maio em Lisboa, ou a recuperação de acontecimentos com 20 anos, nas vésperas das eleições, como os ocorridos em 1989 na República Popular da China.”
 
Concentremo-nos na segunda parte da frase e tentemos compreender a linha de pensamento do seu autor. Apesar da timidez com que se refere ao tema penso que não há dúvidas de que se trata da barbárie cometida pelo exército de libertação da República Popular da China contra os jovens estudantes na praça de Tiananmen. Será que Vasco Cardoso não considera esse acontecimento relevante o suficiente para merecer destaque televisivo (mesmo tendo em consideração que 20 anos é uma data redondinha e como tal propícia para evocações)? Ou acha que sim mas não na data em que realmente se cometeu a cobarde matança? Talvez uma semaninha depois, numa pequena referência de meio minuto no segundo canal, na hora de fecho. Por outro lado fica a dúvida se o problema de Vasco Cardoso é a idade do acontecimento. Depreende-se que acontecimentos com o mínimo de 20 anos de idade deverão ser votados ao esquecimento, especialmente se coincidirem com as épocas eleitorais. Nesse caso pergunto se o 25 de Abril que o PCP tanto tem como seu ou ainda a data do assassinato de Catarina nas mãos da PIDE, dois acontecimentos com mais de vinte anos, ocorrerem nas vésperas de eleições, qual deverá ser o papel da comunicação social face a este infortúnio de coincidências.  É neste partido que reduz a tragédia de Tiananmen a um acontecimento de 20 anos e como tal já fora da validade para ser recordado que mais de 10% dos portugueses confiou o seu voto nas eleições de Domingo. O PCP é muito provavelmente o único partido comunista da Europa Ocidental que subsiste e que tem vindo a reforçar a sua posição. Este facto é por si só demonstrativo do estado do País e da incompetência dos políticos que nos têm governado. Em tempos idos votei PCP, um pecado de juventude, participei mesmo numa lista candidata à freguesia da vila onde cresci a convite de um amigo que muito prezo e que não é da mesma estirpe da do camarada Vasco. Hoje teria que recusar, amadureci o suficiente para perceber que o comunismo, em nome do colectivo, oprime a individualidade e que nos países onde governou especializou-se na produção industrial de miséria humana e da opressão.
publicado por Conde da Buraca às 22:24
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Tiananmen - 20 Anos

Fez no passado dia quatro de Junho, 20 anos que o exército de libertação da República Popular da China esmagou a pró-democrática concentração de estudantes na praça de Tiananmen. Maria João Belchior, jornalista portuguesa freelancer a residir em Pequim, que tive o prazer de conhecer, assinala o acontecimento com uma grande reportagem, entrevistando uma das mães de Tianamen, testemunhas e activistas dos direitos do homem que convivem diariamente com a vigilância e controlo policial. A não perder a audição, aqui, na TSF.
publicado por Conde da Buraca às 12:07
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Sábado, 11 de Abril de 2009

Emoções Fortes

 

Só um motivo muito forte me levaria a interromper o retiro a que as condicionantes do dia a dia obrigam. Estou lavado em lágrimas, Nico Gimenez acaba de bater o recorde mundial da maior fatia de presunto do mundo. Treze metros e cinquenta, snif ...

 

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publicado por Conde da Buraca às 23:51
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